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Castro Camera e seu legado

fevereiro 22, 2009 2 comentários

images1seanAinda estou procurando as palavras mais apropriadas para falar sobre Sean Pen e Harvey Milk.

 Que homem é aquele na pele de Sean Pean? Será a encarnação do próprio  Harvey? Não sei como a persongem e o ator confundem-se dessa forma. O autor se desnuda, fecha os olhos e entra no personagem e você , cheio de pudores, esquece-se do que deixa de ser ficção.

Eu não quis acreditar que seria o Sean Pen. Mas não foi somente por conta dos beijos afetuosos. Quando Sean – ou não sei se era Milk-,  fecha os olhos, o beijo parece tão real que atordoa de tanta sinceridade. Ele se despiu de si e deixou-se encantar por Milk.

Milk é um grande filme. Não pelo apelo a causa gay, mas pelo retrato do homem simples que emoldurou a vida do “Castro district”.  Ademais, sua luta atingiu os quatro cantos dos EUA. E como uma febre, uma doença , contaminou várias vidas.  O que devemos a este homem?

Em seu discurso , suas palavras não tinham o improviso da falta de assunto. Suas palavras repetiam princípios  basilares, constituintes da própria constituição americana; dos preceitos norteadores da revolução francesa, esculpidos ao pé da estátua da liberdade e dos princípios fundamentadores da declaração dos direitos humanos. Nada de novo , nada além do já conquistado. No entanto, Harvey Milk consegui mais. Foi além da sua pequenz de homem gay e tornou-se um político- na pura acepção da palavra, pois representou seu povo- de grande imponência e importância.

O que devemos a ele?

– É muito mais do que uma simples foto da imagem que sua camera poderia captar. É a linguagem do retrato do homem que expandia-se além da impressão do papel. É alguém que ao longo dos seus 50 anos de vida soube fazer algo que pudesse se orgulhar”.

Vale a pena ver o novo filme de Harvey Milk,  perdão:  Sean Pen.

A dúvida

 

doubt

O que se pode dizer de ” Doubt”?

Maryl Streep está mais velha e mais madura. Ou seja, está perfeita.

 A condução da trama, repleta de insinuações levantadas por suposisções de um sentimento de extrema confiança e certeza íntimas, é carreada de forma absolutamente intrigante. Nunca se sabe se realmente, o Padre Flynn fez algo. Em , outras palavras, se realmente houve o abuso sexual. Insinuações e ilações  é o fio  condutor de toda a personagem de Meryl.

Philip Seymour Hoffman também está ótimo. Nem lembra o escritor afetado em “Capote”. Ele compõe outro personagem sem nenhuma nuance de um respaldo  do louvor de indicação pretérita do Oscar. Ele constroi esplendorosamente o Padre Flynn.

Mas fica o registro da incapacidade de realmente concluir se houve algo ou não. Nesse processo de irresolução dos fatos  e da incompreensão das ações, restam as mesmas palavras da Irmã Alloysius:

I have doubts!

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O Leitor e o Escrevedor de Cartas

   

kate

 Kate Winslet faz-me lembrar – com sua atuaçfernandaão em o Leitor- , por outro viés, da atuação de Fernanda Montenegro no filme Central do Brasil. Ambas, também , numa análise comparativa sob ângulos distintos se aproximam na densidade de seus personagens.

Desde o começo do filme, fiquei a imaginar as duas atuações separadamente, mas dialeticamente interligadas pela  ignorância da trajetória de suas vidas. Tanto numa quanto noutra, as estórias se conectam pela presença marcante de meninos-homens com naturezas maduras e mulheres de persnoalidade fortes, mas sensíveis.

Não parei de pensar nesta relação entre as duas personagens-estórias.

Concordo que Winslet não está tão perfeita quanto em “Foi apenas um sonho”.  Aliás, sua participação neste filme é marcante e memorável. Sua atuação é misteriosa e emblemática, revelada na frustração interna de não viver intensamente – como havia prometido seu marido – a vida sem parâmetros provincianos e rotineiros.  Viver , para ela,  era aventurar-se , mesmo que seu marido fosse um estivador sem perspectivas  maiores de abundância , mas que pudesse garantir experiências novas. Sair da mesmice, era poder viver além daquela visão pequena da vida doméstica; de vizinhos excêntricos; de rotina simplória…

Bem, de volta a Winslet ,em o Leitor, encontramo-na pura, como uma jóia bruta;  ignorante e , ao mesmo tempo sensível. Como bruta, é quase um animal, mas capaz de ensinar a um mancebo todos os passos para a descoberta de um novo prazer. Na ignorância das letras, ela é mestra em sentir cada momento do personagem de  um romance qualquer ao ponto de se emocionar. E nessa confusão de sentimentos é capaz de se apaixonar, entregar-se a esta paixão e de fugir dela ao mesmo tempo. Portanto, é difícil não elogiar sua atuação no filme. Toda sua robustez se aplaina com o tempo. A prisão torna-a resignada. Mas voltar ao mundo dos letrados não mais fazia parte de sua vida.

O filme conta com Ralph Fienes, mas este não rouba a cena. No entanto, enquanto  jovem, outro ator em sua pele, surge como um alento para a apagada passagem de Fienes. Mas o jovem ator comove e convence. E nos remete quando, no começo de nossas vidas adultas, sempre há alguém que deixou alguma marca. Não da suástica, mas a marca do amor além das letras.

 

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O Curioso Caso de Benjamim Button

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 Quando vi o trailer de o “Curioso caso de Benjamim Button”, pensei tratar-se de mais uma ficção chata daquelas que tanta mentira resultaria  uma chatice maior ainda.

 Eu sabia que era  um filme adaptado do conto de F. Scott Fitzgerald, e que isso poderia dar um charme à estória. Outrora, em época de Faculdade, eu havia feito um trabalho de análise literária sobre outra obra do mesmo autor: The Great Gatsby. Foi deste romance que reconheci a habilidade do autor de criar drinks; neste, aprendi a gostosa sensação de misturar martini com soda. Pois bem, há um drink novo na filmagem do conto de Scott- agora mais forte e requintado à base de Wisky. E,de fato, há um charme diferente na maneira de  contar a estória de Benjamim Button. É extraordinariamente trágica a inventividade de se calcular quão doloroso é rejuvenescer ao longo do tempo e observar a velhice das coisas. E , além disso, acompanhar de perto as pessoas queridas envelhecendo com o tempo e morrendo. Enquanto isso, sua juventude- mais vívida do que a do narcisista Dorian Gray-, vai causando o pior dos incômodos. Neste momento, Brad Pitt empresta apenas a plasticidade de sua beleza para realçar a ideia de rejuvenescer ao longo do filme. Isso causa grande impacto para a plateia, mas internamente , para a personagem , é um verdadeiro martírio. A dor se intensifica quando se descobre pai. Então começa a especular como seria acompanhar o crescimento dos filhos à proporção que ia rejuvenescendo. Nesse aspecto, a questão do amor suplanta qualquer interesse mais subjetivo ao ponto de começar a pensar o futuro deles sem sua presença. Acho que nessa parte do filme, Brad Pitt falha ao não desenvolver a personagem de forma mais dramática, deixando a cargo da imagem o poder de descrever o real sentimento. Mas fica claro, por meio do abandono da família, todo o tormento de saber que não poderá sobreviver, de forma madura, aos acontecimentos periódicos em sua ordem cronológica esperada. A fuga de seio familiar parece mais um recurso da estória em si, mas se encaixa perfeitamente na estrutura do filme com o apelo das imagens. A covardia de Benjamim em encarar a vida com seus problemas parece um tema atemporal e aplica-se a muitos de nós.

Parágrafo à parte deve ser dedicado a Cate Blanchett. Ela atua com primorosa participação; não só emprestando sua beleza clássica, mas sua presença marcante. Não sei se é porque gosto de mulheres ruivas e brancas, mas ela consegue criar de forma apurada a personagem dando vida a ela. Além disso, ela nos deixa esquecer que , de fato, tudo aquilo se trata de ficção. Meu choro não foi à toa, tampouco falso. Mas é difícil não se envolver com tanta emoção. A prerrogativa de Button coloca-o num patamar de excentricidade que nos convoca a pensar sobre máxima bastante antiga; de fato trata-se de um provérbio americano: “damos valor às coisas somente quando as perdemos”.

Talvez eu pudesse encerrar, inteligentemente, de outra forma esse comentário sobre o filme em questão; e deixar escapar toda a gama de emoções que o filme quis repassar. Mas, na verdade, não há outra maneira de melhor retratar uma estória de amor tão linda e, extraordinariamente, tão surreal (sugestão de leitor assíduo)

 

 

Períodos curtos

Tenho que me acostuamar com a ideia dos períodos curtos. Eles em si são suficientes. Mas eu sempre tenho algo mais a dizer; e por essa razão posso pecar nas conjunções e informações a mais. Tenho que ser comedido nas palavras. Tenho que parar de escrever sem barreiras do significante, assim como Wolf deixava sua verborragia intelectual discorrer sobre a adjetivação das coisas. Viu? Período longo demais!

Tenho que me afeiçoar as frasezinhas curtas. Resumir a ideia- agora podemos esquecer-nos dos acentos- em poucas linhas. Acho isso chato. Mas tenho que fazê-lo.

Então mãos à obra. Inda bem que estou lendo poemas de Bandeira. São precisos, curtos e dolorosos. Mas encerram a beleza do não dito. Aquilo que fica subtendido.

Acho que vai ser como se acostumar ao novo horário de verão; ou às novas regras ortográficas; ou às novas regras do mercado em crise; ou ainda como se acostumar às novas condições climáticas, enfim vai ser um pouco difícil e demandará tempo. Uff! Mas vou conseguir. 

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